A qualidade em questão: estudos iniciais
Este trabalho apresenta o projeto de pesquisa de Pós-Graduação – Mestrado, cujo título é “Indicadores de qualidade: um estado da arte sobre a temática “qualidade” no campo da educação e sua influência no debate teórico-metodológico nas pesquisas acadêmicas sobre professores”. Trata-se de uma pesquis...
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Publicado: |
Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires. Facultad de Ciencias Humanas. Núcleo de Estudios Educacionales y Sociales (NEES)
2014
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Este trabalho apresenta o projeto de pesquisa de Pós-Graduação – Mestrado, cujo título é “Indicadores de qualidade: um estado da arte sobre a temática “qualidade” no campo da educação e sua influência no debate teórico-metodológico nas pesquisas acadêmicas sobre professores”. Trata-se de uma pesquisa vinculada à Linha de Pesquisa Formação, Profissionalização Docente e Práticas Educativas, do Programa de Pós Graduação em Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal de Goiás, e integra os trabalhos desenvolvidos pela REDECENTRO - Rede de pesquisadores sobre professores(as) do Centro-Oeste. Esse projeto será desenvolvido no período 2014-2016 e buscará construir e compreender o estado da arte sobre a temática “qualidade” e sua aplicação no campo da pesquisa educacional, também faremos um recorte pesquisando o conceito qualidade produzido em periódicos do campo da Educação, buscando compreender o como vem influenciando as produções acadêmicas do Centro-Oeste sobre a temática “professores(as).
Nas últimas décadas houve um importante crescimento quantitativo da produção acadêmica em educação no Brasil. Ao analisarmos esse crescimento somente a partir da década de 1990, sobretudo com a influência das mudanças nas políticas para a pós-graduação e o aumento da pressão da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) para o aumento da produção docente e discente, esse crescimento foi notável. Analisando apenas a expansão dos programas de pós-graduação, essa produção manteve certa regularidade da produção acadêmica, mas se, por um lado isso significa certa energia no que se refere à produção, por outro, esse movimento nos coloca frente ao desafio da produção e divulgação de um conhecimento de qualidade, com relevância social, e se sua regularidade, em âmbito geral, tem influenciado o debate nacional, em termos de divulgação e aproveitamento dos resultados.
Também sabemos que em função da consolidação de uma política educacional de avaliação e financiamento das agências, sobretudo da CAPES, no Brasil, que tem regulamentado e controlado os programas em âmbito nacional, a questão da qualidade do conhecimento produzido tem se agravado, pois essa política incide sobre a produção acadêmica gerando grande preocupação: primeiro porque está marcada por uma lógica vinculada à gratificações e financiamento de pesquisas, conforme a produtividade de cada pesquisador; segundo, porque impõe esses critérios de avaliação quantitativos gera o empobrecimento da produção, sua transitoriedade, inclusive dos conceitos construídos e das práticas que consolidam.
Se por um lado, a expansão dos programas de pós-graduação em educação no Brasil foi bom para a área, pois denota o aumento da preocupação com a complexidade dos problemas do campo, por outro, como essa expansão veio acoplada às exigências das atuais políticas de pós-graduação, perdeu-se a possibilidade de nominar a qualidade da produção, ao mesmo tempo em que se acirrou seu ranqueamento, influenciando inclusive as notas obtidas pelos programas de mestrado e doutorado.
Essas demandas políticas para a pós-graduação brasileira nos preocupa e nos direciona a questionar oscritérios avaliativos construídos e legitimados pelas políticas atuais para mensurar a qualidade da produção acadêmica. O caso é que as pesquisas são avaliadas, e essa avaliação tem denotado status para os programas de pós-graduação brasileiros, mas a perspectiva avaliativa utilizada é pautada numa perspectiva educacional hegemônica, ou seja, submissa aos interesses do mercado.
Essa compreensão nos motivou na pesquisa sobre o conceito de qualidade que referenda a elaboração de matrizes de avaliação instituídas pela atual política educacional de controle. Essas matrizes mantêm a submissão das pesquisas aos interesses mercadológicos. No que tange à produção acadêmica realizada região Centro-Oeste brasileira, conforme estudos específicos desenvolvidos pela Redecentro - Rede de pesquisadores sobre professores do Centro-Oeste têm-se evidenciado que as políticas educacionais têm gerado problemas epistemológicos nas pesquisas produzidas, configurando o comprometimento do rigor e relevância da mesma (Souza; Magalhães, 2013). Portanto, em sentido estrito, a Redecentro tem realçado que qualidade da produção acadêmica da Região tem sido influenciada pela política educacional vigente exigindo equacionar a tensão entre o conceito de qualidade, elaborado conforme o campo das políticas, e as possíveis e diferentes contribuições epistemológicas na constituição de um novo conceito de qualidade na perspectiva crítica emancipatória. Em sentido amplo, para além dos trabalhos desenvolvidos pela Rede, esse tipo de preocupação se materializa, principalmente, na construção de estudos do tipo estado da arte, que realizaram uma análise meta avaliativa, essencialmente crítica dando visibilidade às tensões e questões específicas que envolvem a qualidade desse fazer (Souza; Magalhães, 2011; 2013; Tello, 2013).
Neste sentido apresentamos um estudo que aponta a necessidade de se questionar e compreender a questão “qualidade” propostas nos documentos oficiais e nos trabalhos acadêmicos, no movimento histórico que nos ajuda contextualizar como se consolida o debate sobre “qualidade” nos trabalhos do campo da pós-graduação. Conforme Souza e Magalhães (2011), as demandas para determinado tipo de qualidade tem contribuindo para o avanço do conhecimento científico e para a melhoria dos processos e das práticas educacionais?
Em outros trabalhos sobre o estados da arte, como Toschi et alii (2003); Larocca et et alii (2005); André (1999, 2001); Brzezinski e Garrido, (2001); Souza e Magalhães (2011). Já é possível identificarmos problemas como o modismo teórico, a presença, progressivamente mais intensa de tentativas ecléticas que juntam aleatoriamente métodos, técnicas e referenciais teóricos, sem clara compreensão dos fundamentos epistemológicos e das implicações filosóficas dos diversos caminhos do conhecimento, mas é nosso objeto de estudo identificar se esses problemas também estão ligados às demandas de certo tipo de qualidade imposta pelas políticas atuais e seu movimento de avaliação e controle da pós-graduação e de seus professores.
Já sabemos que esse mesmo movimento expressa uma série de contradições, entre elas a suposta aparência de consenso no que se referia, por exemplo, às exigências quantitativas da produção, essas respondem às condições históricas que ajudavam na retificação de um conceito de “qualidade” entendido como resposta mercadológica às políticas neoliberais, o que foi amplamente divulgado e fortalecido no campo educacional. Entretanto, esse conceito, no nosso entendimento, tem comprometido: a) o aspecto epistemológico, b) o posicionamento político, e c) o aspecto teórico-metodológico das pesquisas.
Nesse sentido, este trabalho associa-se à demanda de pesquisas que estão buscando analisar a produção e compreender o conceito de qualidade utilizado, qual sua filiação epistemológica, e qual sua incidência na produção acadêmica sobre professores. Sem respostas antecipadas, cremos que isso ajudará na consolidação de um conhecimento que não se refere à lógica neoliberal, mas construído dentro de uma proposta contra-hegemônica. |