Capítulo III - A FÚRIA (multimídias: TV Maré e Museu da Maré)

4. NO AR TV MARÉ Isso tudo tá gravado [Antônio Carlos Pinto Vieira e Marcelo Pinto Vieira, entrevistados em momentos distintos] Está ali, diante de mim, uma caixa. Sem voz e sem imagem, ela permanece uma caixa. Até que eu a duplipenso[1]. No instante em que a caixa s...

Descripción completa

Guardado en:
Detalles Bibliográficos
Autor principal: Chagas, Victor; Fundação Getúlio Vargas (FGV)
Lenguaje:Portugués
Publicado: Edições Universitárias Lusófonas 2012
Acceso en línea:http://revistas.ulusofona.pt/index.php/cadernosociomuseologia/article/view/2662
http://biblioteca.clacso.edu.ar/gsdl/cgi-bin/library.cgi?a=d&c=pt/pt-003&d=article2662oai
Aporte de:
id I16-R122-article2662oai
record_format dspace
institution Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales
institution_str I-16
repository_str R-122
collection Red de Bibliotecas Virtuales de Ciencias Sociales (CLACSO)
language Portugués
description 4. NO AR TV MARÉ Isso tudo tá gravado [Antônio Carlos Pinto Vieira e Marcelo Pinto Vieira, entrevistados em momentos distintos] Está ali, diante de mim, uma caixa. Sem voz e sem imagem, ela permanece uma caixa. Até que eu a duplipenso[1]. No instante em que a caixa se ilumina, eu me ilumino com ela. Big brother is watching you, ela diria. No momento em que a assisto, ela me assiste. Não sei se ela me refrata ou se apenas reflito sobre ela. É um ritual que sigo dia após dia: a televisão é uma “magia a domicílio” [bordenave apud lima, 1995]. Mais do que entendê-la como um meio de comunicação, é preciso enxergá-la – em especial a tevê comunitária por seu raio de atuação local – como um meio de transporte. Os espectadores se transportam para dentro do tubo catódico, como a Alice de Lewis Carroll, que atravessa os espelhos como se fossem janelas. Na Inglaterra vitoriana, não existiam televisões. E no intervalo de cem anos até o megabloco controlado política e ideologicamente pelo Partido, conforme previsto por George Orwell em 1984, o mundo já era dominado por elas. [1] Nas palavras de George Orwell, criador do termo em seu 1984, duplipensar significa “Saber e não saber, ter consciência de completa veracidade ao exprimir mentiras cuidadosamente arquitetadas, defender simultaneamente duas opiniões opostas, sabendo-as contraditórias e ainda assim acreditando em ambas; usar a lógica contra a lógica, repudiar a moralidade em nome da moralidade, crer na impossibilidade da Democracia e que o Partido era o guardião da Democracia; esquecer tudo quanto fosse necessário esquecer, trazê-lo à memória prontamente no momento preciso, e depois torná-lo a esquecer; e acima de tudo, aplicar o próprio processo ao processo. Essa era a sutileza derradeira: induzir conscientemente a inconsciência, e então, tornar-se inconsciente do ato de hipnose que se acabava de realizar. Até para compreender a palavra ‘duplipensar’ era necessário usar o duplipensar.”
author Chagas, Victor; Fundação Getúlio Vargas (FGV)
spellingShingle Chagas, Victor; Fundação Getúlio Vargas (FGV)
Capítulo III - A FÚRIA (multimídias: TV Maré e Museu da Maré)
author_facet Chagas, Victor; Fundação Getúlio Vargas (FGV)
author_sort Chagas, Victor; Fundação Getúlio Vargas (FGV)
title Capítulo III - A FÚRIA (multimídias: TV Maré e Museu da Maré)
title_short Capítulo III - A FÚRIA (multimídias: TV Maré e Museu da Maré)
title_full Capítulo III - A FÚRIA (multimídias: TV Maré e Museu da Maré)
title_fullStr Capítulo III - A FÚRIA (multimídias: TV Maré e Museu da Maré)
title_full_unstemmed Capítulo III - A FÚRIA (multimídias: TV Maré e Museu da Maré)
title_sort capítulo iii - a fúria (multimídias: tv maré e museu da maré)
publisher Edições Universitárias Lusófonas
publishDate 2012
url http://revistas.ulusofona.pt/index.php/cadernosociomuseologia/article/view/2662
http://biblioteca.clacso.edu.ar/gsdl/cgi-bin/library.cgi?a=d&c=pt/pt-003&d=article2662oai
work_keys_str_mv AT chagasvictorfundacaogetuliovargasfgv capituloiiiafuriamultimidiastvmareemuseudamare
bdutipo_str Repositorios
_version_ 1764820434363088899